UMA FOTO E UMA VALSA

Não ouvi seus passos, nem o som do teu  bater na porta
Não limpou os pés no tapete
Abrindo sem pedir minha geladeira
Tocando meus discos
Tirando aquele quadro do lugar
Me olhando sem pudor
Me pedindo pra cantar
E eu nem sentia seu cheiro no ar e no travesseiro
Olhando sua foto em meu celular
Gostando Daquele seu jeito em me olhar
E me negando a você
Eu só queria dançar, e em passos cautelosos
Desequilibrando e esbarrando na tua paciência
Testando teu ritmo no meu descompassado passo
No fim, já não sei se alguém espera a próxima valsa
No salão são agora, um pra lá e um pra cá.

DEZ ANOS

EU NÃO DESAPRENDI AMAR. EU DEIXO DE LADO, ÀS VEZES É BOM LEMBRAR. CADA AMOR TEM SEU CHEIRO E SUA TRILHA. CADA AMOR TEM SEU VENTO E SUA SAÍDA. CADA AMOR NOS DEIXA ESTILHAÇOS SEJA DE DOR OU DE CONFETES COLORIDOS. CADA AMOR SOA NO OUVIDO COMO BEETHOVEN OU COMO PINK FLOYD, E MESMO ASSIM SEM PERDER A CLASSE. 

AMOR TEM UM CANTO NA CAMA, UM JEITO SEU DE USAR O TRAVESSEIRO. CADA AMOR TEM MEDO DE OLHAR NO ESPELHO. UNS AMAM DEVAGAR, OUTROS NUMA INTENSIDADE VENENOSA. CADA AMOR SONHA FÁCIL, BREVE E TE SILENCIA COM BEIJO EM QUALQUER FURACÃO. TODO AMOR TEM SEU PRATO PREFERIDO, SUA FORMA DE SEGURAR O GARFO. TEM UNS QUE PREFERE VINHO, OUTROS UM CIGARRO. 

CADA AMOR TE DÁ UM LIVRO, POESIA, FICÇÃO OU UM ÁLBUM DE FOTOGRAFIA. E EM CADA POSE, FICA GUARDADO O LADO CERTO DE SORRIR. CADA AMOR É UMA NOVA DESCOBERTA, DE ONDE VOCÊ PASSA PELO MESMO LUGAR OLHANDO OUTRO ÂNGULO. CADA AMOR TE DEIXA DEZ ANOS MAIS JOVENS, E UM DESEJO DE FINDAR. CADA AMOR TE ENCONTRA EM UM LUGAR, ÀS VEZES LOUCO, ÀS VEZES FIRME, ÀS VEZES EM MESAS DE BAR. O LUGAR NÃO IMPORTA, O QUE FICA É MESMO A COVINHA MAIS LINDA. 

CADA AMOR TEM SUA BOCA DESENHADA, SEU CABELO DESARRUMADO E SEU JEITO EM CALÇAR AS BOTAS. E ALI QUE SE PENSA NA NOITE PASSADA. CADA AMOR PASSA RÁPIDO, ALGUNS NEM DEIXAM PEGADAS. TEM AMOR ESTRANHO, QUE NEM GOSTAMOS DE LEMBRAR. TEM AMOR QUE DÁ VONTADE DE REPETIR. CADA AMOR TEM SUA LOUCURA E SUA NOVELA PREFERIDA. CADA AMOR SE DIVIDE EM FLORES E DESPEDIDAS, ÀS VEZES MUITAS VEZES. 

CADA AMOR É UM PEDAÇO DE PAPEL, UM COLCHÃO NA SALA NO DOMINGO. UM SORVETE DE UVA EM SETEMBRO. CADA AMOR É UMA DATA, QUE CAI ATE NO NATAL. ÀS VEZES É AMOR, ÀS VEZES É VONTADE. 

CADA AMOR VEM CHEGANDO DE UM JEITO, UNS DEVAGAR, OUTROS DESMATANDO. TODO AMOR NÃO TEM SIMPLICIDADE, É TODO BOBO, BELO E COLORIDO. TEM AMOR QUE NOS TONTEIA. TEM AMOR QUE NOS TIRA OS SAPATOS, MAS TODO AMOR VAI EMBORA E NOS DEIXA DESCALÇOS. TODO AMOR É UM MEDO DE ANULAR-SE, UM RECEIO DE AMAR. CADA AMOR TEM SEU JEITO. CADA AMOR TEM SEU TEMPO E ÀS VEZES O TEMPO REPETE SÓ PRA SE VER O AMOR AMAR DE NOVO.TODO AMOR É SEU.

SEU PARTO

COMO UM LAÇO CORTADO DÓI. NOS DEIXA SEM CHÃO, SEM PERDÃO, SEM FÉ. COMO ESSA SAUDADE DESTRÓI, ARRANCANDO O ASFALTO DO AMOR, ABRINDO CRATERAS NA RAZÃO, DEIXANDO SILÊNCIO.

ANDAR SOZINHO JÁ NÃO É MAIS COMO ANTES, NÃO SE SENTE A BRISA DO VENTO SOPRAR, É COMO SENTI-LA GELAR, ENDURECENDO O CALOR, ESFRIADO AS PALAVRAS E O TOQUE. PERDER-SE NA AUSÊNCIA, CAUSA MEDO, MAS NÃO É MEDO CORRENTE, É ALGO INVISÍVEL, INCONTROLÁVEL. NÃO SE PODE TOCAR. O TEMPO QUE PERCORRE MEU RISO, ESCURECE, CEGANDO QUALQUER OLHAR ESPERANÇOSO. NÃO HÁ MAIS ALICERCE.

SINTO FALTA DO TEMPO QUE ME FALTOU CHEGAR, ONDE EU FUI FELIZ, SEM RECLAMAR. ONDE EU SENTIA SEU COLO JUNTINHO, COMO TRAVESSEIRO DE PENAS, PENAS ESSAS, QUE SÓ TENHO DE MIM MESMO. LEMBRO-ME DO SEU PERFUME, QUE ENTRAVA EM CASA, TEM CHEIRO DE ROUPA LIMPA, DE CUIDADO. MAS LEMBRO-ME BEM MAIS DOS SEUS VERSOS BARATOS E DAS DESCULPAS QUE DÁ, PRA ME EXPULSAR DE VOCÊ. EU ENTENDI O QUE É UM PARTO.

BUSCO O EQUILIBRO EM ME EQUILIBRAR, ENTRE O NÓ NA GARGANTA E O CAMINHO EMBARAÇADO DO VAZIO, O MESMO QUE ME JOGOU. TALVEZ SEJA ESSA SUA FORMA ESTRANHA EM ME AMAR, VENDO EM MIM A MESMA FIGURA DO DESPREZO. IMPEDIU-ME DE TE MOSTRAR MEU EU. FUI APAGADO PRA VOCÊ.

OS SONHOS, ANTES PINTADOS DE VIDA ENVELHECEM DE DOR, DE AMARGOR. EU NÃO TENHO SOSSEGO. OLHAR PARA O LADO, ME DEIXA CONSTRANGIDO, POR TANTO SONHO ESFARELADO QUE CARREGO E QUE VIVO ENGOLINDO A SECO. ALÉM DOS CACOS DAS VERDADES, QUE SEMPRE TENTO JUNTAR. QUEM SABE COMBINA COM ESSE MEU SORRISO PARCELADO.  QUEM SABE COMBINA COM ESSA MINHA VIDA SIMPLES DEMAIS. 

BRISA

AINDA SINTO CADA PEDAÇO DO SEU CORPO. AINDA SINTO EM CADA VERSO DA MÚSICA, SEU TOM MAIOR DE VENENO. CADA PEDAÇO DO SEU GRITO ARRANHANDO MEU ESTOMAGO, FERINDO DE SUOR BARATO TODA MINHA INDIGNIDADE.

EU VEJO M EU CORPO FORA DELE, SECANDO EM DESESPERO, SEM ACHAR LUGAR NO TEMPO. EU VEJO TUDO PASSANDO POR MINHAS MÃOS E VOU DEIXANDO TUDO ESCAPAR, NA BUSCA DO SEU FORMATO, DO SEU DESENHO.

SEU DESENHO EM PRETO E BRANCO, NÃO COLORE. CORTA O PAPEL BRANCO E PURO, MANCHANDO MINHA RAZÃO, TE PROCUREANDO NOS MEUS VELHOS DISCOS E QUADROS. ENSAINDO MEU ENGASGADO SO PRA TE DIZER, PRA TE ENCONTRAR, PRA TE CONVENCER.

MEU PERFUME NOVO PASSSO SÓ PRA TE TER, ME ARRUMANDO PRA TE VER. MAS EU ODIEI SEU DISCURSO SOBRE A LUA, ERA SOBRE MEU CORPO NÚ QUE FALAVA, EU SANGREI PRA TE FAZER ME OLHAR, ME PERCEBER, ADMIRAR. E TUDO FICA CONFUSO, IRREAL.

HUMILHANDO-ME DE DESEJO, EU TE DEIXO ME OLHAR, SEM MEDO. RELEMBRANDO MINHA CLAREZA E MINHA DESTREZA EM TE CANTAR. ERA MAIS UMA CANÇAO. ERA UMA BRISA RELEMBRAR.

CASO

ELE OLHA DEVAGAR

ELE NÃO QUER DESEJAR

EU CORRENDO SEM PARAR

PRA UM CANTO TE ENCONTRAR

FAZENDO-ME DELIRAR

COMO BEBIDA DE UM BAR

EU DEIXANDO A SOLIDÃO ME ELEVAR

JÁ É TARDE PRA LIGAR

E TÃO CEDO ACABOU

EU FIQUEI AQUI NA MÃO

ABRACEI A SOLIDÃO

SENTADA NO ALTAR

E O VESTIDO AMARELOU

O LÍRIO DESABROCHOU

DEIXANDO-ME ALI SEM CHÃO

CANTANDO-ME EM GRÃO

EQUILIBRANDO O CORAÇÃO

EU VOLTAVA A CANTAR

UM CHORINHO DE AMOR

ERA SÓ PRA ME CURAR

DE MAIS UM CASO QUE PASSOU

DE ALGUÉM QUE UM DIA SONHOU

DE ALGUÉM QUE UM DIA SONHOU

VAZIO

TEU BEIJO ESTRANHO

QUE ME PRENDE EM NADA

NÃO É SEU OLHAR

NEM SEU SORRISO

NÃO É SEU CORPO

NEM MEU VESTIDO

SEU JEITO É BARATO

ACHO EM QUALQUER CORPO EM BRASA

NEM SEU JEITO FÁCIL DE AGRADAR EM NADA

EU SIMPLESMENTE NÃO TE ENXERGO EM MIM

E NEM TE DEIXO IR

BUSCANDO PREENCHER O CANTO DO SOFÁ

SÓ PRA DEIXAR MINHAS MÃOS OCUPADAS

PAPO LENTO

GOSTO DO SEU JEITO EM TENTAR ME DESVENDAR

OLHANDO DISFARÇADO, SEM JEITO.

DO SEU SORRISO DE CANTO, INSANO.

EU FICO PENSANDO, ÀS VEZES, AONDE ISSO VAI DÁ.

OLHO PRA SUA BOCA

NEGANDO-ME QUALQUER AÇÃO MELANCÓLICA

E FICO SEM JEITO EM PERGUNTAR

GOSTO DO NOSSO PAPO LENTO

BUSCANDO EM DESENCONTROS NOS ENCONTRAR

TODO ACASO OCASIONADO PRA ME MOSTRAR

ARRUMANDO-ME EM TOM AZUL

JOGANDO O CABELO DE LADO SÓ PRA TE TESTAR

ESQUEÇO-ME DO SEU DOM SARCÁSTICO EM ME ELOGIAR

JOGANDO-ME DE FORMA CLARA, ME COLOCANDO NO LUGAR.

EU VOU-ME CONFUDINDO, ME ENEBRIANDO.

DEIXANDO-TE EM SUPERFÍCIE NO MEU PRÓPRIO MEDO

QUEM SABE PRA TE FAZER DURAR

E AGRADECENDO POR NÃO ME APAIXONAR

QUADROS

ERA DOMINGO DE JANEIRO

EU ME LEMBRO DE CADA CHEIRO

DE CADA VERSO TRAIÇOEIRO

ERA TÃO LINDO SEU JEITO DE VESTIR

FOI O MEU SIGNO QUE TE LEVOU DAQUI

E FOI ENTÃO QUE EU PERCEBI

 O SEU JEITO PREGADO EM MIM

E FOI ENTÃO QUE EU SENTI

QUE A CASA ESTA CHEIA DA AUSÊNCIA DE VOCÊ

ERA DOMINGO UM DIA PRA SORRIR

MAS FOI LOGO QUE EU RECEBI

A FLOR DO VENTO         

QUE SANGROU MEU ESPINHO

SANGRANDO BEM RÁPIDO

DEIXANDO-ME PÁLIDA NO MEU APARTAMENTO

E EU ME LEMBRO DO FILME QUE EU NÃO VI

VOCÊ ME OLHAVA TÃO INGENUO ENQUANTO O VENTO

BALANÇA QUADROS ALI

NUMA CHUVA MOLHADA DE SUOR

QUE SÓ TINHA GOSTO DE LÁGRIMAS 

ANTES DO JANTAR

EU QUERO RÁPIDO

ANTES QUE EU ME PERCA

ANTES EU ESQUEÇA

EU QUERO TUDO

ANTES DE ADORMEÇA

ANTES QUE NÃO SEJA

ANTES QUE GELE A CERVEJA

EU GOSTO MUITO

ANTES QUE EU ENLOUQUEÇA

ANTES QUE O VENTO MUDE

ANTES DO JANTAR

EU QUERO BEIJO

ANTES DE UM SALTO BREVE

ANTES DE QUALQUER PRECE

ANTES DE VOCÊ CALAR

EU QUERO QUE ME QUEIRA

ANTES DA NEVE

O FRIO JÁ VEM FORTE NO ENTARDECER

EU QUERO QUALQUER LEBRE

ANTES DE UM GATO APARECER

ANTES DE UM VINHO ESCURECER

EU QUERO A NOITE LEVE

SEU CORPO QUENTE AO AMANHECER

SEU TEMPO VERTENTE NO ENTARDECER

EU CAMINHO LEVE

NUMA FORMO QUE SERVE

ANTES QUE SEJA MAIS BREVE

CAIXA DE PANDORA

REFAÇO-ME PRA VOCÊ

ME DESENHANDO EM CORES

ESCONDENDO E DESDOBRANDO

NÃO É SACRIFÍCIO ALGUM

JÁ GOSTO DE SER ASSIM

DIFÍCIL DE DESVENDAR

RECOLHO TODO

MEU REVELAR

E VOU SOLTANDO CADA SUSPIRAR DEVAGAR

DIVAGANDO MEU SER

SÓ PRE TE SER

LEVANDO-ME PRA UM LUGAR INCOMUM

ELEVANDO TEU DESEJO

JURO QUE NÃO VAI ENJOAR

EU ME SOU MUITAS

SEM PERDER O ENCANTO

SEM PERDER-ME NO ENTANTO

SEM SILENCIAR

EU TE DESEJO DE FORMA ESTRANHA

QUERENDO-ME SEM TER

É ASSIM QUE TE PRENDO

DESPRENDENDO-ME DE VOCÊ

REPETIÇÃO

EU DISSE QUE NÃO VOU

TEIMEI EM REPETIR

MESMO QUE EU TENHA SAUDADES

MESMO QUE SEU SOM PENETRE MEUS PELOS

DEIXANDO-OS LEVANTADOS E IRRITADOS

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO OUVINDO SEU SOM DAQUI

MESMO QUERENDO SEU CORPO QUENTE

MESMO BATENDO DE DESEJO OS DENTES

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO QUE EU FIQUE AQUI ESCREVENDO

ESQUENTANDO A CERVEJA

GELANDO MEUS PÉS

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO QUE O CD QUE TOCA ME FAÇA ENLOUQUECER

MESMO QUE EU NÃO FAÇA MAIS NADA

MESMO QUE O DIA CHATO PAREÇA SE DERRAMAR

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO QUE EU REPITA PRA ME CONVENCER

MESMO QUE EU DISFARCE MEU ROSTO SUJO DE BATOM

MESMO QUE EU NÃO ME LEMBRE DE ESQUECER

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO EU ANDE GRITANDO

MESMO QUE EU FUME MAIS UM CIGARRO

MESMO QUE EU COMECE CONTAR OS PASSOS

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO QUE MEU SÁBADO FIQUE ENTEDIADO

MESMO QUE EU TENHA QUE ASSISTIR UM DOCUMENTÁRIO

MESMO QUE A MINHA VARANDA SEJA MEU CENÁRIO

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO QUE EU TENHA UM ENCONTRO MARCADO

MESMO QUE ME LEVANTE E RETIRE TUDO DO ARMÁRIO

MESMO QUE EU CONTE TODAS AS PEDRAS DO AQUÁRIO

EU DISSE QUE NÃO VOU

MESMO QUE EU FIQUE LENDO UM LIVRO CHATO

QUALQUER POESIA BARATA DE ALGUM BÊBADO CHATO

MESMO QUE A LUZ ACABE

TO PRONTA E JÁ VOU

MESMO QUE EU ME ARREPENDA

MESMO QUE SEJA SOB ENCOMENDA

MESMO QUE MEU CORPO NÃO SUSTENTE

MESMO QUE A NOITE SEJA BEM PEQUENA

VINHO BARATO

NECESSITAVA MESMO DE TRABALHAR, MAS MEU CORPO CLAMAVA POR UMA EXPLICAÇÃO RÁPIDA, QUE SEGURASSE TODO MEU GRITO, GRITO QUE NÃO SE OUVIA FÁCIL, SOMENTE PELO OLHAR CANSADO E PELO SORRISO LARGO.

OS ÚLTIMOS DIAS FORAM UM MISTO DE PAIXÃO, TRISTEZA, MEDO E ADRENALINA. EU TRANSBORDEI TODO MEU DESEJO DE VIVER EM VÁRIAS SOLTAS FRASES. ORA ORIGINAVAM DE UMA DENSIDADE, COMO O ÚLTIMO SUSPIRO, ORA DE UMA LEVEZA E UM VOMITAR DA MINHA PRÓPRIA ANSIEDADE.

EU QUERIA MESMO O ESPIRITO INSPIRADOR, MAS ENTRAVA EM DEBATE COM MINHA REFLEXÃO, EM DUALIDADE COM MINHA IMENSA VONTADE DE VIVER. O ENTARDECER JÁ NÃO ERA PRA OBSERVAÇÃO DO SOL E SIM, UMA DELICADA MANEIRA EM TER SOSSEGO DO DIA.

OS PASSOS, JÁ NEM TÃO LARGOS TINHAM AGORA MAIS CONTAS. O CORPO CANSADO TEM AGORA MAIS FORÇA, FRAGILIZADO EM TOMAR QUALQUER DECISÃO. EU RELUTAVA.

TODO TEMPO EU PASSAVA BURLANDO MINHA TRISTEZA, VARRENDO-A PRA BAIXO DE QUALQUER SORRISO DE CANTO, DE QUALQUER COR CINZA NA FOTOGRAFIA. MAS ME TRANSPARECIA FACILMENTE EM QUALQUER LÁBIO BARATO E CORPO QUENTE. COMO SE EU NÃO QUISESSE ESCONDER MAIS NADA, FLOREANDO MINHA HISTÓRIA DE TRISTEZA.

BUSQUEI PESAR, E PENA. BUSQUEI AMOR E POEMA. ENCONTREI APENAS O ESPELHO E RELÓGIO NO FIM DE TUDO. ERA MAIS UM REFÚGIO.

ANTIGOS DUETOS, QUARTETOS, SEXTETOS DE AMOR, RONDAVAM A SAUDADE. FORJANDO OS VALORES MAIS LÍMPIDOS, SUJANDO DE LÁGRIMA AS VERDADES. ERA EU MESMA ME SABOTANDO, ME NEGANDO SORRISO FIRME, SORRINDO FROUXO.

PERDENDO-ME FACILMENTE EM QUALQUER OLHAR FIXO, EM QUASE TODOS CASOS FALADOS , QUE PROCURAVAM  CONVENCER DE SUA LIBERDADE, ENQUANTO EU MESMA, SÓ PRESTAVA ATENÇÃO NO BAILAR DESSES LÁBIOS. E NÃO ME CONVENCIA.

EU DANCEI VÁRIAS VEZES, TENTANDO ME ENCAIXAR NOS PASSOS DO MEU, NADA INTIMO, RELACIONAMENTO COM A ANSIEDADE. SEMPRE FUI UM FURAÇÃO, QUE NO DESASSOSSEGO DO IMEDIATO, QUERIA TUDO AGORA. QUERENDO VIVER NUM CONTO, QUE ACABA NA PÁGINA 50. MAS ESQUEÇO, QUASE SEMPRE, QUE O TEMPO GIRA RÁPIDO DEMAIS, E MEUS DESEJOS SÃO ESQUECIDOS.

ALGUMAS DE MINHAS VONTADES ME DÃO A SENSAÇÃO QUE SÃO DESPLUGADAS ANTES MESMO DE ACABAR O SHOW. NÃO TEVE TEMPO DE TERMINAR A CANÇÃO, FICANDO TUDO EM SEMITOM. E COMO NADA FICA EQUALIZADO, EU SEMPRE ME OBRIGO A MUDAR O TOM. E OLHA QUE AS CORES QUENTES ME ATRAEM, MAS ME PINTO EM TONS DE AZUL.

É MANIA FEIA DE DANÇAR PELA SOLIDÃO. E CADA VEZ EU TENHO MAIS PRESSA, AO MESMO TEMPO ME DISTANCIO DE IMENSIDÃO. EU NÃO SEI MAIS ESSE CAMINHAR. MINHAS PERNAS QUE ANTES FIRMES E SEGURAS, SAPATEARAM NESSE CHÃO, HOJE NÃO SABE O CAMINHO E BAMBEANDO, SEGUE NADA FIRME, TROPEÇANDO EM SOLIDÃO. UMA SOLIDÃO ACOMPANHADAS, DE BREVES E SOLÚVEIS MENTIRAS.  E EU NÃO POSSO ESQUECER-ME DO VINHO BARATO E CALOR SUAVE. É FEL PRA TODO DOCE DELETÉRIO.

É MANIA FEIA DE DANÇAR PELA SOLIDÃO. E CADA VEZ EU TENHO MAIS PRESSA, AO MESMO TEMPO ME DISTANCIO DE IMENSIDÃO. EU NÃO SEI MAIS ESSE CAMINHAR. MINHAS PERNAS QUE ANTES FIRMES E SEGURAS, SAPATEARAM NESSE CHÃO, HOJE NÃO SABE O CAMINHO E BAMBEANDO, SEGUE NADA FIRME, TROPEÇANDO EM SOLIDÃO. UMA SOLIDÃO ACOMPANHADAS, DE BREVES E SOLÚVEIS MENTIRAS.  E EU NÃO POSSO ESQUECER-ME DO VINHO BARATO E CALOR SUAVE. É FEL PRA TODO DOCE DELETÉRIO.

BRECHAS

UM SORRISO

QUE PARECE-ME SINCERO

NUM OLHAR JOCOSO

QUE NÃO ME LEVA A SÉRIO

UMA MÃO INQUIETA

QUE TEM VONTADE DA VIAGEM

NUM LUGAR DESERTO DE GENTE SEM PRESSA

UMA MÚSICA ESTRANHA

UMA BANDA VELHA

DAS VÁRIAS VEZES QUE FUGIA

OLHEI PRA CIMA PERPLEXA

SENTI ALGO ESTRANHO

ERA NADA A PRIMEIRA VISTA

UM DESEJO TAMANHO DO BEIJO DE TESTA

UMA MÃO MACIA

ELA NÃO ME COMPLETA

MAS AFOGA UMA VONTADE DE OUTRAS BRECHAS

ALGO CONSUMIA

CRESCIA DEPRESSA

MAS EU SABIA QUE NADA INICIA EM FESTAS

FUI EMBORA SOZINHA

DEIXANDO AS PORTAS ABERTAS