quinta-feira, 29 de maio de 2014

SORRISO DE CANTO


SEU CHEIRO ME PERTURBA
EM CHAMAS ME CHAMA
SEU BEIJO ME INEBRIA
EU ME SINTO DISTANTE
MAS AQUI TEM ALGO FERVENDO
EM EBULIÇÃO
E O SORRISO DE CANTO TE MOSTRA
QUE NÃO É SEGURO AQUI
POSSO MUDAR O RUMO
MAS TO ESPERANDO SEU CAMINHO
VOCÊ ME MOSTRA?
ME LEVA?
COSTUMO NÃO PARAR
HÁ UMA CAIXA DE MÁGICA
E DE LÁ RETIRO MEU ESCAPE TODA VEZ QUE ME DISTRAIO
HÁ UMA CHAMA AQUI
TENTE APAGAR COMO EU FIZ
É QUENTE DEMAIS E SE ESPALHA RÁPIDO
COMO VOCÊ SE ESPALHA EM MIM
COMO SEU CHEIRO
QUE SE ESPALHA PELOS CANTOS  DOS CAMINHOS QUE VOCÊ DEIXA
VOCÊ ME MOSTRA?
ME LEVA?

terça-feira, 27 de maio de 2014

UM BARCO SEM RUMO

Um barco sem vela
Sem rumo
Num horizonte nada azul
Onde águas não molham o corpo
Molham a alma
Encharca o coração de medos
Água que surge dos meus verdes olhos

Barco que só sabe balançar
Onde a maresia me enjoa da vida
Um barco sem reza
Sem nenhuma escrita de fé
Sem nome
Sem dono
Perdido em alta dor
Não carrega pescas
Nem de sonhos e nem de ilusão

Nesse azul que cega
Que insisto em admirar
Me perco em tempestade
E o barco frágil que aguenta em se afogar
Afundando os desejos
Engolindo água e receio

Sem motor
Sem vetor
Esse barco pequeno na imensidão do tempo
Que sem remo quer chegar
Mas todo lado é igual

Eu só vejo água desaguar

segunda-feira, 26 de maio de 2014

APERTO FRÁGIL

EU JÁ NÃO SABIA O QUE DIZER
O TEMPO HAVIA ME LEVADO ESSA VONTADE
TAVA TUDO TÃO AMARELO. TÃO CLARO
MAS NÃO CLARO COMO O QUE VEJO AGORA
EU SENTI FALTA DO APERTO
APERTO ESSE DO CORAÇÃO, MAS QUE NÃO CAUSA DOR.
SENTI SAUDADES DE DESEJO E DAS MÃOS SUADAS
MEU CORPO FRÁGIL E FORTE AO MESMO TEMPO

É ESTRANHO ESSE TAL QUERER

domingo, 25 de maio de 2014

NUDE

ESPERO QUE O DIA NÃO DURE
QUE O TEMPO NÃO PASSE
QUE EU SORRIA MAIS
QUE NUNCA MAIS DURMA

ESPERO QUE O SEU SORRISO NÃO ME VENHA
QUE A LAGRIMA CAIA
QUE O VENTO BATA
QUE O SOL TE ESCAPE

ESPERO QUE EU NÃO ESPERE MAIS
QUE EU DÊ UMA VOLTA E MEIA NO MUNDO
QUE VOCÊ SINTA MINHA FALTA
QUE A PAREDE VERDE SEJA A SALA
QUE QUALQUER UM ME ABRACE

ESPERO QUE O PAPO NÃO MUDE
QUE EU ME MUDE
QUE VOCÊ VIRE UMA COR NUDE

EU ESPERO...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

PAPEL BRANCO PELE

EU NÃO ME ESCONDO DE VOCÊ
MOSTRO INTEIRAMENTE DISFARÇADA
VOU ME SOLTANDO EM LEVES SONHOS
ACHO QUE FANTASIO DEMAIS
NOSSAS CONVERSAS LONGAS
QUE NOS PERMITE MAIS DE NÓS
NOSSOS BEIJOS DOCES
QUE UNEM DOIS A SÓS

EU NEM CONHEÇO VOCÊ
MAS ME SINTO EM CASA NO SEU COLO
SEU CORPO RABISCADO DE TINTAS
EM PAPEL BRANCO PELE
E SUAS MÃOS LISAS
PASSEANDO EM MEU CAMPO
É TUDO TÃO NOCIVO E SIMPLES DEMAIS

ÀS VEZES ME PERCO
OLHANDO EM SUAS CORES FRIAS
ELES BRILHAM DE FORMA INTENSA
EU VIVO QUERENDO SABER O QUE PENSA

É TUDO FEROZ DEMAIS

terça-feira, 20 de maio de 2014

RABISCADO

UM MEDO LATENTE
UM SANGUE PULSANTE
UM AMOR LIGEIRO
UMA BOCA FALANTE
SUA MÃO MACIA
UM DESEJO CORTANTE
MEU CORPO VAZIO
MINHA ALMA ALMEJANTE
SEU CORPO RABISCADO
NO MEU CORPO SELANTE
E TE FAÇO SIMPLES
DE FORMA INTRIGANTE
JÁ NÃO PRECISO VOLTAR
DE UM CAMINHO DISTANTE
SENDO EU MESMA DE NOVO
UM POUCO FLUTUANTE
NÃO TEM VERSO PERDIDO
NEM TOM DISSONANTE
MEU RITMO É TEU
SEU RISO CATIVANTE 


quarta-feira, 14 de maio de 2014

SAUDADE BIPOLAR

E essa tal de saudade?
Bicho estanho, se é que podemos chamar de bicho!
Nem sei de onde ela vem
Mas ela chega devagarinho
Dorme no colo e no frio
Saudades, troço esquisito
Sem sinônimo
Sem som no grito
Faz ventania na barriga
Inunda os olhos
Surda os ouvidos
Saudade que parece passar
Mas se instala com mala e cuia no sofá
Parece um fantasma no retrato
Deixa a gente besta e chato
Saudade, às vezes de amor
Às vezes de solidão
Saudade dói do mesmo jeito
Em qualquer situação
Sangra lento
E flore o coração
Saudade bipolar!
A gente nunca sabe qual virá
E eu só sei que ninguém escapa desse bicho
Bicho bom e estranho: saudade!

terça-feira, 13 de maio de 2014

BREGA TALVEZ, SEI LÁ

É tanto o transbordar
Que eu não tenho inspiração.
Não por que me falte amor
Mas porque sobra emoção.
Tudo vai ficando embaralhado
Solto
E eu não consigo organizar
O pensamento anda clichê demais
Brega talvez
Sei lá
Qualquer coisa que eu escrevo
Ao ler, me deixa parecendo uma idiota.
Mas eu confesso que é verdade
E fico sorrindo
Meio torta
Se meu pensamento é feliz
Talvez eu devesse sofrer
Mas sinto um desejo louco em te querer sorrir
O que fazer?
Cada verso colorido tem enfeite demais
Cada coisa que imagino tem seu beijo por trás
Eu fico com medo de parecer um bobo da corte
Mas eu até ando gostando bem mais de carnavais

Eu ando gostando bem mais...

domingo, 11 de maio de 2014

BAGUNÇANDO

Eu ando me bagunçando demais
Trocando-me
me pedindo
mendigando
Ando deixando laços e nós demais pelo caminho
Ando me esquecendo
enlouquecendo
Eu ando pensando
desorganizando
Criando-me e recriando sem sair do lugar
Eu ando fingindo a loucura e adoçando com lágrimas os dias
Ando sorrindo sem pressa e com o riso atropelando os sonhos
Ando pensando em verdades que escondo pela sala
Eu corro pra qualquer lugar que não encontro
Eu ando lendo livros em branco
sangrando
Eu ando revivendo domingos frios
Bebendo suor e temor
Eu não ando planejando
é perca de tempo demais
Eu ando andando
sem rumo e sem cor
Eu ando me levando
me puxando
me empurrando
Eu ando dançando sem som
com dor
Não ando me sentindo e ando me negando abraços
Eu ando correndo do amor
beijando bocas flutuantes
bocas sem olhos e cor.
Ando disfarçando o tédio
Olhando pro céu
sentindo o vento
molhando-me na chuva
fechando os olhos

ao menos é um minuto fora de mim

quinta-feira, 8 de maio de 2014

ESTRANHEZA E SILÊCIO

Pra tantos amores eu escrevi versos.
Alguns simples, outros perversos.
Versos em amor, muitos em ódio.
Falei de desejos, medos e copos.
De cabelos, beijos e botas.
Fui eu mesma, me mostrei diversa.
Em tantas palavras me descrevi e rescrevi.
Pra tantos amores me esqueci.
Uns verdadeiros, outros acasos.
Desenhei bocas em palavras e abraços em cantadas.
Tanta inspiração eu achei que tivesse.
Tantos amores acharam que eram versos.
Mas minha mente se cala ao te lembrar.
Nem um verso solto, nem uma frase pra desenhar.
Há tanta coisa que eu penso, mas não se pinta em papel branco.
Há um borrão colorido, doido, amado e simples demais.
Em você encontrei o silêncio.
Silencio que estranha, mas preenchem todos os sentidos, todos meus ouvidos.
E aqui dentro meus poemas dançam soltos, desgarrados, seus.
No meu corpo há frases que fazem música, que te fazem agora meu.
E esse teu, meu silêncio.
E esse teus, meus, nossos versos, são suficientes pra nós.
Nem todo história se usa lápis e papel.







domingo, 4 de maio de 2014

DOMINGOS

Tenho saudade do chá de cidreira,  do bolo na mesa.
Saudade da maquina de costura barulhando minha sessão da tarde.
Tenho saudade do chinelo azul desgastado, que as vezes servia de aprendizado.
Saudade do domingo com sorvete e cambalhotas no tapete.
Tenho até saudade do almoço quente e da conversa fria.
Saudade do sol na minha cara, e da voz dizendo: Anda, ta atrasada!
Tenho saudade do cheiro do seu perfume de tampa verde.
Saudade do colchão no canto do quarto. Era medo de et’s, eu me lembro.
Tenho saudades das plantas pela casa, e da sua voz cantando pra elas.
Saudade mesmo, do beijo.
Tenho saudade de como era tão bagunçado, mas a casa sempre limpa.

Saudades de ser filho.

FIM DA LINHA


Beijo longo, desejado e molhado.
Sua boa na minha se fazia poema de bar
Era uma bebida fria, esquentando a noite.
Eu poderia chamar de adrenalina. Pois bem, fica melhor.
E entre os sorrisos eu ficava imaginando, relembrando o desejo escondido, podado.
E acreditando ser proibido, disfarçando minha libido.
Há tantas coisas que, permeiam a vontade.
Há tantas coisas que, não separa essa mesma vontade.
Como se um filme passasse, me barulhando.
E eu sempre fico sonhando, antecipando.
Detesto!
Não gosto de nada amarelo, exceto aquele seu sorriso tímido.
E assim deixando muitas coisas pelo caminho, catando uma vida inteira em minha mente.
Eu não sou tão simples assim.

Eu não sou tão livre assim.